A escola contém personagens que marcaram a educação brasileira em seus compromissos estudiosos, formadores e políticos.

Exerceram papéis destacados como educadores, infelizmente são referências muitas vezes esquecidas. É nosso dever retirar do anonimato esses que exerceram em diferentes épocas e contextos uma influente e inovadora proposta educativa.

Precisamos desocultá-los e reverenciá-los. Orgulharmo-nos de muitas de suas lições, propostas e ousadias. Deixaram seus tesouros cuidadosamente guardados aos que sabem olhar com olhos de ver, de investigar e de analisar.

Reler a trajetória de vida, de trabalho desses professores que nos antecederam nos convoca a pensar: como chegamos a ser o que somos?

Confirmar em nossa identidade o direito fundamental de nos reconhecermos pertencentes a esse conjunto de narrativas profissionais, as de outros e as nossas. Conjugar e entrelaçar histórias de professores são nossos deveres de cidadania.

Devemos refletir e nos manifestar diante da condição de sermos apartados de parte substancial desse legado cultural da nossa história da educação. É preciso firmar a identidade coletiva de professores como herdeiros responsáveis das lembranças de antigos mestres. Aqueles que realizaram o melhor em seus cenários de trabalho.

Em seus tempos e realidades diversas defenderam ideais de educação. Sonharam avanços para o nosso sistema escolar. Deixaram seus ensinamentos, suas realizações. Lutaram a favor dos direitos sociais e políticos da educação, da vida escolar democrática e por maior consideração, respeito, dignidade e orgulho pela profissão docente. Trouxeram ideias inovadoras e produziram um acervo de conhecimentos que compõe a História da Educação Brasileira.

Muitos professores transformaram os desafios da sala de aula em oportunidades de escutas e construção de vínculos com seus alunos.

Alguns desses que merecem nosso apreço:

  • Anísio Teixeira (1900 – 1971)
  • Armanda Álvaro Alberto (1892 – 1974)
  • Azis Ab’ Saber (1924 – 2012)
  • Caetano de Campos (1844 – 1891)
  • Cecília Meireles (1901 – 1964)
  • Darcy Ribeiro (1922 – 1997)
  • Fernando de Azevedo (1894 – 1974)
  • Helena Antipoff (1892 – 1974)
  • Heloisa Marinho (1903 – 1994)
  • Joel Martins (1920 – 1993)
  • Manoel Lourenço Filho (1897 – 1970)
  • Maria da Glória Pimentel (       – 2000)
  • Maria Nilde Mascellani (1931 – 1999)
  • Mário de Andrade (1893 – 1945)
  • Milton Santos (1926 – 2001)
  • Paulo Freire (1921 – 1997)Sampaio Dória (1883 – 1964)
  • Florestam Fernandes (1920 – 1995)

E tantos outros…

Somos herdeiros também de tantos outros mestres, que povoam nossas lembranças passadas e aquelas mais recentes. Muitos deles constituem referências, modelos e inspirações para nossa atuação profissional.

O magistério é uma forma de ser.

É produção histórica que traz as marcas de nossa formação social e cultural.

Nas memórias, estão ocultadas ou visíveis as escolhas que fizemos e atualizamos ao longo do tempo. Marcamos presença no mundo vivendo nossas diferentes salas de aula.

São tantas as histórias para contar…

  • nas buscas tímidas e nas mais ousadas…
  • nas esperas frustradas e naquelas alcançadas…
  • na determinação de intenções combinada à manifestação de subjetividades…
  • Na composição de narrativas espelhamos nossas opções, compromissos e afetos por essa decisão profissional: ser professor, ser professora.

Assim, na declaração de posicionamentos tecemos essa nossa história enredada à História Social da Educação. Descobrimo-nos como professores, como categoria, como comunicadores. Como pessoas inteiras com nossos valores, desejos e autenticidades.

O professor é elo de reciprocidades ao tocar outras pessoas, dialogar e deixar-se influenciar por ideias, estudos e relações. Em sua participação docente fluem perguntas, hipóteses e a construção de redes de conhecimentos. Pelos caminhos desafiadores de sua atuação faz-se realidade o coletivo da sala de aula integrado ao coletivo da escola.

Professores criam cenários de trabalho e organizam intervenções. Nelas contracenam, simultaneamente, momentos de inconformismo e superação, de desistência e encorajamento, de gestos de autonomia. Impulsionam experiências inovadoras e até transgressoras no ofício cotidiano de viver e revisitar as suas práticas e saberes.

Da condição de herdeiros a sujeitos dessa história social.

Ao constituir nossas memórias de professores, tecemos repertórios. Expressamos apreço e consideração por outros colegas educadores. Reconhecemos aqueles que, brilhantemente, vivem os desafios e, decididamente, não abandonam a dignidade da profissão.

Em nossos cotidianos superamos problemas, saboreamos nossas experiências, investigações e ternuras de ensinantes e de aprendizes.

Não nos deixamos ficar ausentes dessa História. Somos guardadores de boas esperanças. Um dia outras gerações contarão essas influências marcadas e deixadas por nós.

Parabéns pelo Dia do Professor!

Relembre a presença de antigos mestres e conte a si mesmo e a outros a sua história.