A importância das histórias e do afeto na hora de dormir (e sempre!) 

leitura é um dos pilares da evolução humana. Não apenas como espécie, mas também na evolução individual. Ela se consolida no registro físico da experiência vivida pelo escritor para, ao ser lida, proporcionar ao leitor evoluir-se a partir do que ali está registrado. É um acelerador de evolução.

Mas acha que é só isso?  Absolutamente não.

O quanto antes iniciarmos a leitura para as crianças, melhores e mais robustas serão suas sinapses. Afinal, a audição é o segundo sentido a se desenvolver nos bebês, vindo logo após o tato. Mas para além disso, contar histórias às crianças robustece os vínculos afetivos.

Quase todas as noites, desde há muito, leio para meu filho desde clássicos infantis até as histórias contadas de minha própria minha infância, que ouso adornar um pouco, para dar ares mais intensos e divertidos ao menino que repousa feliz em mim. 
Entre as narrativas: corridas de rolimã e bicicleta, jogos de futebol de rua e tubaínas. Um exercício de amor e entrega compartilhados por nós dois, numa história livre, real e recheada de minhas experiências, que sirvo a ele no silêncio de nossas vidas. E recomendo a todo pai.
Fato é que enquanto conto a ele minhas façanhas infantis, eu alinhavo nossas histórias. Eu e ele num encontro entre a voz e o sonho.

É como disse Gilbert Keith Chesterton: “A maravilha da infância é que para eles tudo é maravilha”. A certa altura, o olhar já se encontra distante, mas o ouvido ainda aguçado está atento ao que agora me tornei: o narrador da sua imaginação. Neste momento, à porta da sala dos sonhos, a fantasia que relato de mim se apresenta quase real, e seu corpo já reage às sensações, sorrindo com olhos cerrados… 
Enquanto conto me próprio conto, projeto meu filme na sala de espetáculos de seu descanso, e eu mesmo assisto a tudo. Durante a fala do meu corpo, o silêncio em nossos corações faz a ele dormir, e a mim, levitar.
Assim, costuro minha vida à vida dele e projeto minha existência no tempo, fazendo morada em sua memória pra viver além de mim…

Eduardo José Ferreira é pai de Pedro, 7 anos e compartilha o espaço da Casa Diálogos conosco atuando como advogado.