A importância do ateliê na criação das invenções

A curiosidade natural da criança é a força que a move em direção ao novo, ao desconhecido e ao surpreendente. Dentro desta premissa, a disposição dos adultos que acompanham as crianças em elaborar ateliês vem ganhando força.

Construir espaços e disponibilizar materiais que unam o pensar e o fazer, e proporcionem uma experiência estética, artística, corporal, sensorial e proporcione narrativas coletivas. Afetar a infância com as descobertas vindas das possibilidades que carregam os materiais. Promover afetação e afeto.

A obra de “Stela Barbieri”, Territórios da Invenção, que está no clube de assinatura para professores “Diálogos Embalados”, é uma das mais completas obras sobre o tema, cuja leitura é indispensável àqueles que desejam aprofundar-se no tema.

 

Experiência estética do ateliê 

A estética, de modo geral, está ligada à experiência visual. Ela é a construção e a formatação de algo que nos provoque as mais diversas sensações, de bem estar, de curiosidade, de desejo. Nós, seres humanos, degustamos experiências estéticas ao longo de toda a vida.

De tal forma, que toda a experiência estética dos educadores se reflete em suas ações diárias. Assim, sabendo que as crianças são seres intrinsecamente ligados à arte, em razão de sua capacidade criativa, o quanto for possível que o ateliê seja esteticamente atraente, maior será o vínculo criado entre os elementos disponibilizados e o desejo do poder inventivo da criança.

Compondo o espaço, materialidade e tempo

A construção do ateliê nas escolas passa necessariamente pela reflexão acerca do espaço, da materialidade e do tempo. Há de existir uma conexão muito estreita entre estes três itens, para que sejam harmônicos entre si, e generosos em suas ofertas para a criança.

A definição de espaço e as nuances que o diferenciam de lugar devem estar muito bem estabelecidas. Vale a leitura de Espaços afetivos – Habitar a escola, de Rayssa Oliveira.

Desta forma, há de se pensar numa construção do espaço que favoreça a oferta rica de materiais a serem disponibilizados, e consequentemente uma generosa dose de tempo para que a construção da conexão da criança com tudo isso seja estabelecida de forma a dar vazão à sua criação e sua experimentação.

Um interessante exercício é a construção do mapa da escola. O que sabemos nosso próprio espaço pode contribuir muito na construção dos ateliês. 

Fica a indicação deste combo, disponível em nosso site!

O ato de desenhar nos ateliês

desenho é uma das formas mais primitivas de comunicação. A criança que desenha traz para o mundo e para a posteridade aquilo que está elaborado dentro de si. Nos desenhos podemos identificar seus desejos, suas experiências anteriores, sua imaginação acerca do mundo e até mesmo os traços de sua personalidade.

À criança deve-se entregar o direito de desenhar. E não apenas nas construções de ateliês. Este dever deriva de seu próprio desejo, e a possibilidade de desenhar deve estar disponível a qualquer tempo.

Saiba mais.

As possibilidades das narrativas

As narrativas nascem da união das experiências vividas pela criança ao longo de suas vidas, somadas à sua capacidade criativa que nasce dos estímulos a que ela se expõe durante a experiência do ateliê.

As construções das narrativas ganham ainda mais robustez, quando passam a ser construídas no coletivo, onde a experiência e a imaginação de cada criança se unem à dos outros, formando um contexto único e exclusivo. 

Esta nova linguagem que se forma, igualmente passa a compor o repertório individual, construindo uma teia coletiva de narrativas, e possibilitando ao educador mais atento a coleta de fartos e ricos registros.

A fórmula para construção do ateliê

Diante do que se observa, é óbvia a conclusão de que não existe uma fórmula mágica para a construção de um ateliê para a infância. 

Diferentemente da preparação de um bolo, onde existe uma lista de ingredientes específicos e suas doses, a ordem exata de sua inserção e o tempo correto de preparo, visando um resultado único, na construção do ateliê o educador deve estar mais atento às possibilidades criativas, às necessidades interativas, às intencionalidades dos materiais e a uma adequação de tempo para que todas as conexões sejam estabelecidas.

“Territórios da Invenção- Ateliê em movimento” é uma obra indispensável e muito profunda, que faz um passeio por todas as linhas que compõem esta teia tão rica de sensações, sentimentos e possibilidades que um ateliê para a infância pode oferecer.