Muito se dedicam as diversas ciências na busca de definição de “infância” para, de certa forma, compreendê-la melhor. São filósofos, pedagogos, pediatras, psicólogos, historiadores, entre tantos, na busca pela mais adequada, e todas nos parecem merecer respeito, porque sempre bem fundamentadas.

Mas fato é que a infância, para muito antes de ser o apenas um pequeno (e o primeiro) lapso temporal da existência do ser humano, ela é um estado de espírito. Aquele que habita na infância, em geral, está envolto em sensações de felicidade, de alegria e integração com o planeta, com seus sons, com suas cores. Ela sequer precisa de estímulo externo, como brinquedos, organização adulta ou clima favorável. A infância se manifesta muito espontaneamente com elementos naturais: terra, poças d’água, vento, chuva ou sol. 

Em verdade, a infância necessita de dois tipos de espaço: o primeiro, aquele espaço físico, onde a criança possa se encontrar com a liberdade e se espalhar junto aos seus brinquedos, estruturados ou não, para compor com eles suas fantasias, seus sonhos e seus desejos; o segundo é espaço em nosso tempo de adulto. Todos nós, pais e educadores precisamos encontrar espaços em nossas agendas cheias para nos deixar compor, junto aos brinquedos, como parte das brincadeiras, sonhos e fantasias de nossas crianças.    

A infância, afinal, não cabe em nenhuma definição pré ou pós-concebida. Ao que parece, ela cabe apenas na poesia, porque é, como ela, fantasia. E para nossa alegria, a infância é perigosamente contagiosa. Entregue-se a uma brincadeira de criança, e em poucos minutos a infância estará reinstalada. É comum observarmos nos parques, muitos são os adultos que “pulam amarelinha”, se arriscam nos “balanços” ou enchem de areia seus “baldinhos”, como que desejando remodelar suas lembranças.

Assim, devemos estar focados em jamais nos afastarmos da infância, nem afastar as crianças dela. Nem daquela que vivemos um dia, nem daquela que está sob nossa responsabilidade, e compreendermos que só existem duas visões possíveis para a infância. A da criança, que a vive hoje, e a do adulto, que deve respeitá-la, sempre.   

Ou alguém acredita que no ensino fundamental e primeiros anos é que escolas inovadoras preparam jovens para o ENEM?