O que é educar ?

Preocupado com educação do meu filho, e há algum tempo convivendo com Fabiane Vitiello ( da DIÁLOGOS EMBALADOS), uma espécie de guru da educação, é que me atrevo a falar sobre o assunto.

Ainda que eu já tenha lido algumas definições sobre “o que é educar”, nada me parece definir bem a profundidade do que isso significa.

Desde sempre eu tive a sensação de que educar incluía duas vertentes:

1) Oferecer à criança disciplina (tarefa dos pais) e
2) Entregar conhecimento (tarefa da escola).

Pois parece que não é bem isso, apesar de realmente achar que já seria bem difícil.

Educar traz consigo uma infinidade de verbos a serem conjugados, tanto pelos educadores quanto para os educandos. Tenho visto que se mostra ineficaz exigir da criança, por exemplo, a leitura de um livro, sem que antes o verbo estimular tenha sido conjugado. E estimular, não me parece mais apenas apresentar qualquer moeda de troca, do tipo, “filho, se você ler o livro, te levo ao parque”. Nada disso. Trata-se de estimular a curiosidade. Fazer com que a criança “deseje” extrair do livro algo que lhe interessa. Feito isso, sua missão estará facilitada.

E essa complexidade operacional está desvendada há muito tempo. Ensinar é uma oferta, uma entrega, não um exercício de cobrança a gerar uma obrigação. Existe um abismo entre a forma com que fui educado e as técnicas atuais. A preocupação com o conteúdo da grade escolar vem acompanhada de um recheio muito palatável, que é a liberdade da descoberta. Possibilitar que a criança descubra algo ainda que pequeno, é a garantia de que ela desejará mais. Muito mais.

E não se trata aqui de comparar a eficácia dos métodos. Fui aluno de escola rígida, quase militar, e ela tem importância substancial na minha formação. O que tenho visto é que o mesmo resultado pode ser alcançado com estímulo ao prazer, que assume o lugar da obrigação de cumprir. 

Desde que meu filho desfruta dessa modalidade de educar, tenho percebido que a linha que separa o método tradicional dessa nova modalidade é justamente o aproveitamento da própria infância. Curiosa e sedenta por experiências novas, descobertas e crescimento, a criança pode “desejar” ser educada. Cada “matéria” nova passa a ser um tesouro descoberto, e não mais um obstáculo a ser transposto.

Estimular, possibilitar, incentivar, ofertar e permitir são alguns dos verbos que se conjugam concomitantemente ao conceito de educar. 

E assim, com a criança aprendendo sem abrir mão de sua infância, de sua voracidade por viver intensamente, de brincar e sorrir, temos em casa também alguém disposto a dividir conosco seu conteúdo, e nos devolvendo o mesmo sorriso, a mesma alegria e o mesmo “brilho no olhar” que lhes são entregues por seus educadores.

Não há mesmo como educar, sem amar.

Eduardo Ferreira, pai de Pedro – 6 anos