Depois de estar com os pais para apresentação da escola ou das reformas, e de vê-los rapidamente na secretaria renovando suas matrículas, em breve chegará a hora de reunir-se com eles para tratar do assunto mais importante de suas vidas. Os filhos. É o momento de acolhê-los também.

Apropriar-se de conhecimento pedagógico, aproximar-se da crença do aprendizado a partir do interesse da criança, observá-la atentamente para compreender seus ritmos, seus desejos, seus direitos, conhecer as suas habilidades, respeitar seus limites e aprender a ampliá-los não terá sua eficácia completa, nem seu reconhecimento, se isso não for compartilhado com os pais de forma adequada.

Certamente a maioria deles não possui conhecimento pedagógico para essas observações, e a reunião de pais passa a ser um importante canal de comunicação, não apenas institucional entre família/escola. Ela precisa ultrapassar as paredes e chegar aos indivíduos: a professora, a coordenadora, os pais, e ser conduzida de forma a ampliar as relações interpessoais entre eles. Nesse ponto se localiza o primeiro item a ser destacado:

1) Confiança

Não existe outro alicerce a dar suporte à relação entre os pais e a escola, se não pela confiança que necessariamente deve existir. O processo de confiança desencadeado nos momentos iniciais, quando do período de acolhimento, deve se mostrar mais robusto na reunião. Os pais precisam saber que, antes da pedagogia, seus filhos estão sob o olhar atento de quem cuida, num primeiro plano, de sua integridade física. Neste aspecto, a demonstração de que a criança é acompanhada com proximidade por um adulto preparado é capaz de entregar aos pais um primeiro elo para a construção dessa corrente de segurança que se pretende estabelecer. Não se pode perder de vista que, para os pais, o protagonismo da criança não é apenas uma teoria. É protagonismo personalíssimo, com nome e sobrenome. É seu filho.

2) Conhecimento

Num segundo momento, estabelecida a confiança, é importantíssimo que durante a reunião os educadores se utilizem de suas falas para evidenciar sua competência e conhecimento. É imprescindível comunicar aos pais os conhecimentos teóricos e práticos do corpo docente, bem assim as intencionalidades pedagógicas das propostas de forma a traçar uma linha lógica entre a estratégia e a expectativa de aprendizagem. Sempre com o cuidado de comunicar de forma clara e compreensível. Seja qual for a linha adotada por sua escola, ela encontra amparo teórico e isso precisa estar delineado e comunicado com muita clareza à família. Destaque à importância da coordenação nessa tarefa.

3) Pessoalidade 

Devemos estar atentos aos perfis de cada família. Conhecer o mais possível de suas origens, de suas realidades, suas profissões, suas opções religiosas, suas particularidades. Isso pode ser fator determinante na compreensão da criança, porque pode nortear e elucidar ações específicas na condução de suas condutas. Da mesma forma é crucial conhecer a criança individualmente. A iniciar pelo seu nome. Deve-se evitar se dirigir à criança como “seu filho”, “sua princesa” ou qualquer outro adjetivo. Tratá-los pelo nome demonstra pessoalidade. Isso personaliza o tema a ser tratado e evidencia a seriedade na condução dos temas.

…É o respeito pela singularidade e pela diversidade de cada indivíduo, criança e dos pais que torna possível construir a indispensável confiança para atravessar as experiências, acreditando que nada se perde, mas sim se enriquece ao estar em relação com o outro…”  – Assim afirma Chiara Parrini, educadora da rede escolas de San Miniato. 

4) Verdade 

A verdade é norteadora de todas as relações humanas. Nada se mostra duradouro e respeitoso se for construído a partir de meias-verdades ou de ausência absoluta dela. A reunião de pais deve ser conduzida assim também. Entregue aos pais a informação exata do acontecimento, responda seus questionamentos de forma franca e transparente para que o primeiro elo construído (a confiança) não se rompa. Por mais difícil que possa ser uma situação concreta, e por pior que seja a informação a ser dada, os pais tanto merecem quanto, por vezes, precisam da verdade. Existe uma tendência natural dos pais na “negação” das dificuldades de seus filhos, simplesmente por não a aceitar, ou para não a conhecer. Ainda assim, a informação sobre todos os temas deve estar delicadamente recheada de verdade. A documentação colabora muito nesse aspecto.

5) Colaboração


No seu sentido mais amplo e original. (Co = junto + lavoro = trabalho). Como numa reunião de trabalho na empresa, a reunião de pais deve trazer os integrantes desta relação para perto. Não é interessante que ela seja uma palestra dos educadores, nem uma sessão de terapia de casal. É preciso encontrar uma forma de condução conjunta, onde haja uma integração de interlocuções para o ajuste do trabalho em comum. Tendo a escola e os pais um objetivo único (educar e formar), todos devem mover-se na mesma direção, com seus braços entrelaçados e suas forças somadas.

 “entendendo o crescimento como uma tarefa compartilhada entre crianças e todos aqueles que cuidam delas…, como diz Angela Brogi, educadora italiana. 

Observadas estas importâncias, preparem as reuniões de pais como se fossem receber em casa bons parceiros. Receba-os com corações e braços abertos, olhe nos olhos, ouça, perceba suas aflições, oriente, sorria e se for preciso, chore junto. Num momento somos educadores, noutro somos família. Neste momento somos adultos, noutro fomos crianças. Mas uma coisa nos une a todos: a construção de pessoas melhores para atuarem em um mundo melhor.